Entrevista
com Ângela Guimarães, a nova presidenta do Conjuve
Data:
11/05/2012
Quais são os principais desafios da
sua gestão frente ao Conjuve?
Esta será uma
gestão de muitos desafios e a nossa proposta é trabalhar para que o Conselho
seja ainda mais fortalecido. A função do Conjuve de monitorar e participar da
elaboração das políticas públicas tende a se ampliar, já que o Conselho
amadureceu bastante no último período, aprendendo a fazer isso de forma mais
organizada, mais sistemática, e essa será, certamente, uma das diretrizes da
nossa ação. Pretendemos dialogar para além dos programas que são executados
pela Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) e que hoje têm recorte juvenil nos
diversos Ministérios. Temos várias pautas em destaque, entre elas o
enfrentamento da violência contra a juventude negra, que já era alvo de
discussão do Conjuve desde a gestão anterior. Esta é uma pauta que salta aos
olhos, foi prioridade número um da primeira Conferência, realizada em 2008, e
se manteve entre as resoluções da segunda Conferência. Além disso, trata-se de
uma agenda abraçada pela SNJ e pelo próprio governo, mas acredito que o
Conselho terá um papel protagonista nessa luta, que exige a participação de
toda a sociedade brasileira.
O desemprego juvenil é um dos
principais problemas enfrentados pelo jovem no mundo. Como o Conselho pretende
atuar nessa pauta?
A
implementação de uma agenda de trabalho decente para a juventude está na pauta
do governo, do Conjuve e das entidades juvenis como um todo. Ouvimos do novo
ministro do Trabalho, o mais jovem da Esplanada, o seu compromisso especial com
esse tema na nossa posse! Além da falta de emprego, os jovens geralmente estão
sujeitos aos trabalhos mais precários, incluindo os salários mais baixos. O
Conjuve propôs a construção de uma agenda específica para a juventude em um
encontro da Reunião Especializada do Mercosul, o que foi acatado pelo governo
brasileiro, e criou uma Comissão para tratar especificamente desse tema. Hoje,
o Brasil é o único país com uma agenda de trabalho decente voltada
exclusivamente para os jovens. É preciso reconhecer que na última década o
Brasil vem ampliando o seu processo de desenvolvimento, com ações de inclusão,
geração de empregos e aumento do emprego formal, com carteira assinada. Mesmo
assim, a taxa de desemprego entre os jovens é três vezes maior que entre os
adultos e essa questão se tornou, sem dúvida, um desafio que o Conselho terá
que abraçar com prioridade. Nos dias 3 e 4 de maio, participamos do Fórum de
Trabalho Decente para a Juventude, em Brasília, que reuniu representantes dos
diversos Ministérios, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de
organizações de trabalhadores, movimentos e entidades ligadas à agenda juvenil,
entre outros. Foram dois dias de discussões e pactuações importantes para
alcançarmos os objetivos dessa agenda.
Como você avalia a parceria entre o
Conjuve e a SNJ?
A SNJ e o
Conjuve nasceram juntos, em 2005, como dois dos três pilares da Política
Nacional de Juventude, que inclui também o Programa Nacional de Inclusão de
Jovens. Desde aquela época, o Conselho e a Secretaria caminharam lado a lado,
construindo um caminho sólido para a agenda juvenil, que ganhou espaço nos
diversos Ministérios do governo federal. No final do ano passado, o Conselho
realizou, junto com a SNJ, uma grande 2ª Conferencia Nacional e Juventude. Essa
parceria foi fundamental também para a aprovação de Marcos Legais da Juventude
nessa gestão que se encerrou agora em maio. Esses marcos incluem a PEC da
Juventude, que inseriu o termo jovem no capítulo dos Direitos e Garantias
Fundamentais da Constituição Federal, além do Estatuto e do Plano Nacional de
Juventude, que estão em tramitação no Congresso Nacional. As políticas para a
juventude só serão de fato uma política de Estado se formos capazes de
construir um pacto nacional por essa causa, envolvendo o governo, a sociedade
civil como um todo, parlamentares, além dos gestores estaduais e municipais.
O Conselho pretende dar continuidade
ao Pacto pela Juventude nas próximas eleições?
Sem dúvida, o
momento das eleições é fundamental para debatermos com candidatas e candidatos
os seus compromissos com a juventude brasileira. Tivemos duas edições exitosas
do Pacto, tanto em 2008 quanto em 2010, e o resultado disso foi a ampliação do
número de conselhos e organismos gestores das PPJ’s. Este ano pretendemos
realizar um grande processo visando à incorporação de pautas que priorizem a
juventude nos programas de governo das candidaturas às prefeituras e às câmaras
municipais de todo o Brasil. Nos interessa que os caminhos para o
desenvolvimento e democratização das cidades levem em conta as demandas juvenis
por educação, saúde, equipamentos públicos de esporte, cultura e lazer, acesso
ao mundo do trabalho e fruição das cidades como um todo.
O que essa gestão pretende fazer para
reforçar os conselhos estaduais e municipais de juventude?
Estamos todos
muito animados com a retomada dos encontros regionais e o encontro nacional de
conselhos de juventude, que foi uma experiência muito positiva das últimas
gestões. O fortalecimento da Rede de Conselhos de Juventude certamente será uma
das nossas prioridades. Acreditamos que devemos fortalecer as experiências de
participação da juventude bem como trabalhar no sentido de estruturar melhor os
conselhos, ampliar a formação de conselheiros (as), ampliar a capacidade de
incidência dos Conselhos nas políticas públicas e aprimorar os mecanismos de
monitoramento e controle social.
O que significa para você estar à
frente de um Conselho tão representativo como o Conjuve?
O Conjuve tem
sido uma grande escola, pois é um espaço que alia grande pluralidade de
segmentos e demandas, mas consegue trabalhar valorizando essa diversidade e
estabelecendo o diálogo entre os pares como a melhor forma de chegar a um
consenso. Também tem sido um pólo atrativo de lideranças e setores sociais
extremamente dedicados às melhorias nas condições de vida da juventude
brasileira, que conseguem incidir e dialogar com o governo federal, governos
estaduais e municipais, movimentos e organizações juvenis, conselhos de outras
áreas, com o Parlamento nos seus diversos níveis, chegando até o jovem que nos
acompanha pelas redes sociais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário.