EDUCAR E CUIDAR

DIMENSÔES INDISSOCIAVEIS DE TODA AÇÃO EDUCATIVA

Compreende-se hoje que cuidar da criança é atender sua necessidade física oferecendo-lhe condições de se sentir confortável em relação ao sono, à fome, à sede, á higiene, à dor, etc. Mas não apenas isto. Cuidar acolher, garantir a segurança e alimentar a curiosidade e expressividade infantis. Nesse sentido, cuidar é educar, dar condições para as crianças explorarem o ambiente e construírem sentidos pessoais, à medida que vão se constituindo como sujeitos e se apropriando de modo único das formas culturais de agir, sentir e pensar. Inclui ter sensibilidade e delicadeza, sempre que necessário, além de cuidados especiais conforme as necessidades de cada criança. Portanto, cuidar e educar são dimensões indissociáveis de todas as ações do educador.

         Assim, pode-se dizer que educar e cuidar da criança implica:

·         Acolhê-la nos momentos difíceis, fazê-la sentir-se confortável e segura, orientá-la sempre que necessário e apresenta-lhe o mundo da natureza, da sociedade e da cultura, aqui incluindo as artes e a linguagem verbal;

·         Garantir uma experiência bem-sucedida de aprendizagem a todas as crianças sem discriminar aquelas que apresentam necessidades educacionais especiais ou que pertencem a determinadas etnias ou condições sociais;

·         Trabalhar na perspectiva que as próprias crianças aprendem mutuamente busque suas próprias perguntas e respostas sobre o mundo e respeitem suas diferenças, promovendo-lhes autonomia.


Experiências de brincar e imaginar





Estudos feitos nas áreas de conhecimentos como Psicologia, Lingüística entre outros têm apontado que brincar é o principal modo de expressão da infância, a ferramenta por excelência para a criança aprender a viver revolucionar seu desenvolvimento e criar cultura. A criança teria na brincadeira que faz com outra criança, ou sozinha, oportunidade para usar recursos para explorar o mundo, ampliar sua percepção sobre ele e sobre si mesma, organizar seu pensamento e trabalhar seus afetos, sua capacidade de ter iniciativa e ser sensível a cada situação. Em especial o brincar de faz-de-conta é apontado por diferentes pesquisadores como ligado à promoção da capacidade de imaginar e criar pela criança.

Brincar é uma atividade aprendida na cultura que possibilita que as crianças se constituam como sujeito em um ambiente em continua mudança, onde ocorre constante recriação de significados, condições para a construção por elas de uma cultura de pares, conjunto relativamente estável de rotinas, artefatos, valores e interesses que as crianças produzem e partilham na interação com companheiros de idade. Ao brincar com eles, as crianças produzem ações em contextos sócio-histórico-culturais concretos que asseguram a seus integrantes, não só um conhecimento comum, mas a segurança de perceber a um grupo e partilhar da identidade que o mesmo confere a seus membros.

Ao brincar de faz-de-conta, as crianças, ao mesmo tempo em que desenvolvem importantes habilidades, elas trabalham alguns valores de sua comunidade, examinam aspectos da vida cotidiana, apreendem os matizes emocionais de diferentes personagens, são capturadas por representações sociais sobre determinados eventos.

O jogo de faz-de-conta desenvolve-se a partir das atitudes e desejos dos “jogadores” que usam certos objetos na definição de uma situação onde há determinadas regras. Conforme têm maior experiência de criação de situações imaginadas, as crianças passam a ter maior controle sobre a história que vai sendo criada, podendo planejá-la, distribuir com maior facilidade os papéis que a compõem, construir cenários para neles brincar. Tais aquisições tornam a brincadeira não só mais complexa, mas muito mais prazerosa, pois ampliam o controle da criança sobre a produção do enredo e consolidam a dimensão da fantasia que ela está desenvolvendo.

Para apoiar o desenvolvimento da criatividade das crianças no brincar, o educador necessita:

·         Ter em mente que, para a criança envolver-se em brincadeiras, ela necessita sentir-se emocionalmente bem no espaço que ocupa e na relação com os adultos e as outras crianças presentes, e precisa querer brincar;
·         Ser um observador atento e sensível da brincadeira voltando para acompanhar a riqueza das interações infantis que ai ocorre;
·         Organizar oportunidades para a realização de brincadeiras diversificadas segundo os interesses de diferentes grupos, deixando as crianças circularem pelos ambientes e envolverem-se em diferentes tipos de jogos;
·         Incentivar a autonomia das crianças na organização de materiais e na criação de cenários, enredos e papéis para brincar;
·         Ajudar as crianças na superação dos conflitos desencadeados em suas brincadeiras;
·         Cuidar para que as regras propostas pelo grupo para um determinado jogo sejam mantidas, e assumir o papel de juiz em um jogo de regra, ou em um jogo esportivo;

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