Folclore
na Região Nordestina
DANÇA
Frevo: Dança e música do carnaval em Recife, de ritmo agitado e
impetuoso, cujos numerosos participantes (passistas), vestidos com fantasias
típicas e agitando no ar pequenos guarda-chuvas coloridos, executam coreografia
individual, singularizada por ágil movimento de pernas que se dobram e estiram
freneticamente. A sombrinha usada pelos pernambucanos durante o frevo era usada
pelos escravos, que utilizavam bengalas de madeira, para atacar, se defender.
As pernadas, o giro, a tesoura, etc. Existe na capoeira, só que no frevo é
utilizado em ritmo acelerado.
Capoeira: Tudo leva a crer que a capoeira, um misto de dança e
luta, tenha sido criada e desenvolvida no Brasil pelos escravos e seus
descendentes, como meio de defesa, com base em tradições africanas, pois as
referências populares e de estudiosos sempre mencionam as capoeiras de Angola e
Regional.
O expoente máximo da primeira foi Mestre Pastinha; e da segunda
Mestre Bimba que, além de nela introduzir variações sutis, criou os golpes
“ligados” e “cinturados”, que não existem na capoeira de Angola, forma original
da luta/dança. Segundo Mestre Pastinha, “capoeira é ginga, é malícia”. Ambos
têm milhares de seguidores, em todo o mundo.
Em seu desenvolvimento, a capoeira tomou uma forma de revide, em
resposta às ameaças e agressões físicas sofridas pelos escravos. Como arma de
combate, ela utiliza osnas, as mãos, os pés, a cabeça, os cotovelos, os joelhos
e os ombros. Dos grupos de capoeira participam lutadores, com golpes de ataque
e defesa, e instrumentistas.
Os instrumentos utilizados na capoeira são: berimbau de barriga,
caxixi, atabaque, pandeiro e reco-reco. O berimbau é o mais importante deles,
pela sua originalidade e por dirigir o ritmo da luta. Existem vários toques,
cada um com sua finalidade.
RELIGIÃO
Candomblé: Nem precisa ser adepto do Candomblé para vestir roupas
brancas na sexta-feira. Esta já é uma tradição na Bahia, em homenagem ao deus
Oxalá que, no sincretismo, representa Jesus Cristo. E muitos outros costumes,
trazidos com essa religião afro, já se incorporaram ao dia-a-dia dos baianos,
de todas as raças e classes sociais.
No início da colonização, os rituais do candomblé eram praticados
nas próprias senzalas e nos terreiros das fazendas, onde trabalhavam os
escravos africanos e seus descendentes. O mais antigo terreiro de Candomblé da
Bahia nasceu há 450 anos, é conhecido como Engenho Velho ou Casa Branca e fica
na avenida Vasco da Gama, em Salvador. Deste, originaram-se duas casas, ainda
hoje de grande importância: o Gantois, na Federação, e o Axé Opô Afonjá, em São
Gonçalo do Retiro, que deram origem a muitas outras, em cada canto de Salvador,
das principais cidades do interior e de outros estados brasileiros.
Culto antigo, o candomblé tem como objetivo a adoração aos orixás,
considerados como espíritos da Natureza, provenientes dos elementos terra,
fogo, água e ar. São deuses guerreiros, protetores da caça, da maternidade,
reis e rainhas da África, e outros, que vivem nos corações de seus
descendentes. Eles são venerados em iniciações secretas e em festas de um ciclo
anual, dedicadas a cada um deles. Nas festas, abertas ao público - homem de um
lado, mulher de outro - os filhos-de-santo e adeptos dançam vestidos com as
roupas e cores características, ao som de atabaques, entrando em transe e
incorporando os espíritos dos orixás.
Ser baiana de acarajé significa muito mais do que ser uma
vendedora ambulante, com seu tabuleiro, oferecendo os deliciosos quitutes da
culinária afro-baiana. A maioria delas faz esse trabalho como “obrigação de
santo”, reverenciando os orixás que guiam suas cabeças – inicialmente apenas
Iansã – e, em troca, tiram daí o seu sustento e o de suas famílias.
A cada dia, ela está vestida com as cores do santo daquele dia e
exibe no pescoço as guias de contas na cor do santo de sua cabeça e outros orixás
dos quais gosta (ou os quais precisa) reverenciar. A roupa, de origem africana,
já se transformou em marca registrada: a roupa de baiana, com saia rodada,
blusa rendada, pano da costa, turbante, sandália fechada na frente e aberta
atrás.
Um outro atestado de que existe reverência religiosa aos orixás do
candomblé, na atividade de baiana de acarajé, são os pequenos acarajés fritos
antes da primeira fritura comercial, dedicados aos orixás meninos, os ibêje.
FESTAS
Festa de Iemanjá: Dia 2 de fevereiro é dia de festa na terra e no
mar para reverenciar Iemanjá. A deusa dos oceanos é homenageada todos os anos
pelos baianos e turistas que lotam as ruas e praias do Rio Vermelho, o bairro
boêmio de Salvador, para participar da grande festa, que é a entrega do
presente à rainha das águas.
Desde as primeiras horas da manhã, os fiéis começam os
preparativos para a grande festa. Formam-se filas quilométricas de devotos para
colocar as oferendas e pedidos nos balaios, que são guardados na Casa do Peso –
uma espécie de templo à divindade – até a hora de serem levados para alto mar.
Os presentes são, na maior parte, pentes, espelhos, sabonetes,
talcos, perfumes e muitas flores, tudo que possa interessar a uma mulher
vaidosa. Contam os pescadores mais antigos que houve época em que colocaram até
jóias como forma de agradecer as graças alcançadas. O ponto alto da festa
acontece no final da tarde, quando o cortejo marítimo de cerca de 500
embarcações leva para alto mar os balaios que vão ser “arriados”. Nesse
momento, a multidão se espalha ao longo da praia e sobre os rochedos, ao mesmo
tempo em que entoa cânticos em yorubá, ao som dos atabaques, chamando Iemanjá
para receber aquelas oferendas.
De vários pontos da praia do Rio Vermelho dá para apreciar a
cerimônia, que é de rara beleza. No saveiro que puxa o cortejo vai o presente
principal dos pescadores, que pedem melhores pescarias e águas tranqüilas. Mais
atrás, as outras embarcações levam outros balaios e dão um colorido especial ao
mar, seguindo fielmente o saveiro principal em procissão. Quando as embarcações
chegam no local determinado para “arriar” os balaios, acontece um momento de
apreensão: conta a lenda que, se a Mãe d’Água não aceitar as oferendas, os
balaios flutuam sem afundar no mar, o que, para os pescadores, é mau sinal. No
entanto, o ritual serve também como um afago para a Senhora dos Mares, que
sempre recebeu os presentes dos devotos.
Como a maioria das festas de largo de Salvador, acontece em
paralelo aos festejos religiosos, uma grande festa de largo que se estende, com
muita animação, até a madrugada do dia seguinte. No largo de Santana, próximo à
Igreja, e nas ruas laterais são armadas barracas, freqüentadas por muita gente
que, depois de depositar os presentes nos grandes balaios, reúne-se nas barracas
para beber e cantar num animado samba-de-roda.
Iemanjá é sincretizada como Nossa Senhora da Conceição e, nos
templos de candomblé, o sábado é considerado como seu dia de devoção e sua cor
é o azul claro. Ela um orixá marítimo, considerado a entidade feminina mais
importante do candomblé. No simbolismo afro-brasileiro, a divindade é
representada como uma mulher de grande ventre e seios volumosos com uma gamela
na cabeça.
Na Bahia, esta imagem foi suplantada pela da sereia. Na cerimônia
do candomblé, a dança de Iemanjá é solene, cheia de ondulações, semelhante ao
movimento das águas do mar.
LITERATURA
Literatura de Cordel: É um gênero derivado do romanceiro europeu
que se desenvolve desde o tempo de Carlos Magno. O nome "Cordel" vem
dos varais improvisados com cordinhas para pendurar os folhetos com versos que
relatam acontecimentos dramáticos do cotidiano da história política, ou
reproduzem lendas e histórias. Os folhetos são impressos em papel barato e
ilustrados com xilogravuras e encontrados principalmente no Nordeste e nas
cidades para onde houve grande migração de nordestinos. Os próprios artistas
costumam vendê-los nas feiras e ruas.
No início do século, estudiosos do folclore brasileiro temiam que
o cordel - principal fonte de informação das populações mais pobres do interior
- desaparecesse com o aumento das tiragens dos jornais, o que acabou não
acontecendo. Mas há adaptações, principalmente em São Paulo, onde vive a maior
comunidade de nordestinos do Brasil. Surge o cordel industrializado, impresso
em gráfica, em papel de melhor qualidade e com conteúdo mais literário.
Temas principais - As grandes enchentes, as vidas dos artistas
mais populares, as façanhas de Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900 -
1938) e seus cangaceiros, a epopéia do rei Carlos Magno e os Doze Pares de
França são alguns dos temas dos cordéis de maior tiragem. Um dos campeões de
vendas é A morte de Getúlio Vargas, lançado logo após o suicídio de Getúlio, em
agosto de 1954, vendeu 70 mil exemplares em 48 horas. Um dos poetas de cordel
mais conhecidos é o pernambucano Leandro Gomes de Barros (1865-1918), autor de
mais de mil títulos.
A literatura de cordel é classificada em três grupos: folhetos (08
páginas), romances (16 páginas), estórias (32 a 48 páginas).
TRADIÇÕES
Reisado: Auto popular profano-religioso, formado por grupos de
músicos, cantores e dançadores, que vão de porta em porta, no período de 24 de
dezembro a 6 de janeiro, anunciar a chegada do Messias, homenagear os três Reis
Magos e fazer louvações aos donos das casas onde dançam.
Sua principal característica é a farsa do boi que constitui um dos
entremeios ou entremeses, onde ele dança, brinca, é morto e ressuscitado.
Portanto, no sentido estrito, são reisados em Alagoas, além do
próprio Reisado, o Bumba-meu-Boi e o Guerreiro. A marca alagoana do reisado é
que no Estado ele misturou com o Auto dos Congos, por si próprio já um Reisado.
A origem desse folguedo é portuguesa. Em Portugal, na Idade Média,
era costume os grupos de janeiro e reiseiros saírem pelas ruas pedindo que lhe
abrissem as portas e recebessem a nova do nascimento de Cristo. Os donos das
casas recebiam os grupos e a eles ofereciam alimento e dinheiro.
Lavagem do Bonfim: Todo mês de janeiro, milhares de romeiros
juntam-se em Salvador para lavar as escadarias da Igreja do Nosso Senhor do
Bonfim. Esse ritual iniciou-se no século XVIII, ainda muito timidamente. Com o
passar do tempo, o número de participantes foi aumentando e, hoje, é uma das
mais tradicionais cerimônias religiosas do país. Depois da lavagem, os romeiros
vão para as ruas da cidade, onde fazem uma grande festa, com direito a
capoeira, samba e muita comida típica.
COMIDA
TÍPICA
A formação cultural do Nordeste, região com área de
1.561.177,8km2, gerou a mais diversificada culinária do Pais. Marcada, no
entanto, por singulares diferenças. São inúmeras as alternativas, a começar
pelos pratos vindos da Africa. Comece pelos abarás e acarajés, na Bahia.
Ante-pastos aos vatapás e às moquecas de peixe, de ostras, de camarões, iguanas
douradas pelo azeite de dendê. Há, também, pratos à base de peixes dos mais
vários tipos, servidos em formas várias: sopas, escaldados, cozidos. E
casquinhas de caranguejo, frigideiras de siri mole e cavaquinhas. Não é só no
mar que nascem as delicias. Oferece a cozinha nordestina pratos exóticos,
elaborados com carnes de porco, de cabrito, de carneiro. E aves. Prazeres que
vão desde as tripas à sergipana até a carne de sol à Natal, passando pelo
xinxim de galinha e pela galinha d’Angola de Teresina.
No Nordeste, é fundamental também provar a feijoada à alagoana, o
cozido à baiana, o mocotó e o bobó de inhame, criações capazes de acalentar os
mais exigentes paladares. À sobremesa, delicie-se com cocadas, sorvetes e
refrescos feitos com frutas típicas, como taperebá, manga, araçá, cajú e
pitanga, graviola e mangaba. Há mais, porém. No Maranhão, estado que faz parte
também da Região Norte, entregue-se, de corpo e alma, aos camarões, servidos
como melhor lhe convier. Mas não se esqueça de degustá-los fritos, ao alho e
óleo. E uma pedida fundamental. Que prepara o espírito para incursões pelo
pudim de peixe maranhense, acompanhado de arroz de cuxá.
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